Andi-date

Eu admito, eu admito... cheguei a considerar a possibilidade de namorar de novo. Conheci até um roqueiro aí..Mas foi um lapso, durou pouco tempo. É aquela coisa, você fica meio carente, e tal... Depois dessa fase de pensar em talvez, quem sabe, arrumar alguém, me deu um novo ataque de "I hate dating". E comecei a reparar nos casais à minha volta e a pensar que eu preciso urgente comprar um vibrador que troca pneus e faz reparos pela casa, porque os relacionamentos estão excessivamente chatos, beirando o ridículo insuportável. Hoje estava eu na piscina do prédio, jogando conversa fora com meus primos. Na minha frente, um casal de adolescentes. Ela sentada na piscina, com os pés pra dentro da água, e ele nadando em volta. Ela falando com aquela vozinha de criança retardada: "Ai, ai, ai, acho que tem um tubarãozinho me mordendo! Ai, que tubarão feio!". Já comecei a achar babaca, mas aí puxei um assunto básico de futebol para disfarçar. Dali a pouco o cara saiu da água e ela começou a falar mais alto, parecendo um gato miando: "Aiiiiiii, amorzinho, não me molha. Pára, senão eu vou ficar brava... Ai... ui...". O cara começou a andar para dar a volta na piscina e ela grudou nele como se ele fosse fugir pro Kudomundu. Eu já pensava em matar os dois afogados na piscina. Aí ele pediu para ela soltar um minutinho e ela amarrou uma tromba tão federal que eu agradeci aos céus por ser solteira e não ter que enfiar um tabefe na orelha de gente assim.

Haja saco! Tenho mais o que fazer... Pelo menos eu consegui ficar um fim de semana na praia com a família e não ouvi nenhuma frase tipo: - "você não está namorando? Aaaah, tem que namorar, namorar é tão gostoso..." - Eu queria saber de onde tias e avós tiram essa teoria de que namorar é gostoso. Minha mãe, por exemplo, é adepta da mulher pendurada no pescoço do cara que vai comprar picolé. Acho que elas leram Sabrina, Julia e Bianca demais. - "Como vai o Fulano (no caso, um ex)?" - essa é a típica frase da minha avó, que geralmente vem acompanhada de um comentário tosco da minha mãe, tipo: "Que saudades do Fulano!". Pra deixar bem claro que elas estão incomodadas com o fato de eu estar solteira, que isso está queimando o meu filme com elas. E, é claro, para mostrar que elas têm certeza de que ele é um cara maravilhoso, e que a louca culpada de tudo fui eu.. Nesse caso, quando eu digo que nunca mais tive notícias do Fulano, como ainda não faço a menor questão de tê-las, a minha avó me olha com cara de quem está conversando com uma psicopata pronta para atacar um jardim da infância com uma serra elétrica. "Beth, como você é ruim!", ela diz, com os olhos marejados de lágrimas. - "Beth, você precisa providenciar netos para sua mãe!" - Eu odeio essa frase. Eu sei que é brincadeira, mas tenho vontade de erguer o dedo médio e dizer: "Tarde demais, já liguei as trompas!". - "Beth, hoje eu sonhei que você tinha um nenê tão lindo..." - frase típica da minha mãe. Ela adora falar na frente dos outros, para me constranger. Bom, mas pelo menos era só um sonho... Ainda bem que volto pra India,logo,logo!